«Sou homem; nada do que é humano tenho por estranho» - Terêncio
Como seres humanos participamos todos de um substrato comum. A relação entre "homo" (o homem) e "humus" (a terra), denuncia em boa medida a nossa origem, a nossa ligação a esse "pó" de que somos feitos. De facto, aparte todas as diferenças de cor da pele, de condição social, de educação ou cultura, todos os homens estão sujeitos à mesma mortalidade, às mesmas fragilidades, aos mesmos sonhos e desejos, e às mesmas aspirações. É preciso que não se pense que estamos livres deste ou daquele erro, deste ou daquele vício, ou isentos de um determinado destino. Na verdade, se somos "tirados da terra" por igual, todas as possibilidades estão em nós; tudo, em potência existe na nossa alma. Desde o filho do juiz ao filho do ladrão, as suas almas têm de ser educadas e aperfeiçoadas num sentido ou noutro. O filho do ladrão pode ter todas as virtudes se assim quiser, e o filho do juiz pode ser ladrão apesar da sua educação com mais recursos. Os vícios da alma e as suas virtudes determinam em mais larga medida o nosso destino, o nosso comportamento e as nossas possibilidades de vencer um desafio do que qualquer dos "bons presságios" com que nascemos, sejam a família, a educação ou a cultura. Por isso temos o dever de cultivar e desenvolver as boas características da alma, as suas virtudes, a confiança, o bom-ânimo, a persistência, a justiça, e precaver-nos dos seus vícios com uma vigilância constante.
"Nada do que é humano tenho por estranho" deve ser uma advertência para não julgarmos estar livres dos erros mais comuns, desses erros que julgamos nada terem a ver connosco, porque a raiz de "humilde" é a mesma de "humano". É assim que devemos ser: de olhos postos na virtude mas sem esquermos a nossa natureza essencial.
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