Pietas, no latim, é a devoção respeitosa para com os deuses, antepassados, a pátria e os pares a quem devemos respeito. É o assumir de uma responsabilidade inerente ao vínculo que nos liga a alguém; é devoção e obrigação (por exemplo, filial); é a observação do dever, do compromisso. O ímpio, por seu lado, é aquele que não cumpre com o que lhe é devido; é aquele que não respeita os seus laços; que desdenha o tributo pela dádiva; que não reconhece um favor que recebeu sem mérito.
Não somos nem a origem, nem 100% autores do nosso ser. Uma multiplicidade de causas que nos escapam colocou-nos "à frente" da nossa existência, existência que, não obstante, controlamos em grande parte. O pio, no entanto, sente-se grato por ela e por ter a oportunidade de lhe presidir. Ao reconhecer o seu "ser" dependente ele reforça laços essenciais para, ao menos, se poder situar no mundo e saber quem é. É assim, reconhecendo, que ele se conhece. É só na base estável e humilde do reconhecimento que ele pode "firmar pé" para o passo seguinte: conhecer-se a si mesmo e, mais que tudo, conhecer o seu próprio coração, o "Sião" da sabedoria. Não é certamente por acaso que se diz: «O temor do Senhor é o princípio [é o ponto de apoio] da sabedoria» (Salmos 111:10). O ímpio está excluído deste Caminho.
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