sábado, 22 de maio de 2010

Escrutinando a moral como opção

O mainstream do bom-senso é comummente ancorado numa certa ideia de bem ou correcção moral. Mas o que me apetece dizer aqui é que, de todos esses "sábios" conselhos pouca coisa é realmente bem compreendida. Torna-se, efectivamente, um lugar-comum dizer-se "não faças isto ou aquilo", "não é por aí", "não faças disparates", tendo como pano de fundo um bem que se esgota quase inteiramente nessa fórmula.
Poder-se-ia dizer que o medo inerente à consequência de uma má acção justifica que esta não seja feita. Isto está certo, mas até que ponto é que não se trata de um mal menor, em vez de uma escolha positiva? Por detrás do que é dito está antes "não escolhas o mal" e não "escolhe o bem". Se, de facto, as consequências de um conselho destes fossem bem compreendidas em toda a sua extensão haveria algumas (muitas) advertências a fazer. A escolha do caminho do bem, da acção moralmente correcta ou construtiva, comporta uma tão grande angústia como esse Inferno de castigos que prometem aos maus. Que mal pode haver, por outro lado, num prazer imediato (isto para ver o assunto de todos os ângulos)? Talvez cometer uma acção destrutiva por um impulso irresistível confira um momentâneo, rápido e imediato alívio, mas quem pode assegurar que não há nisto um bem? No caso da acção compassiva, paciente, abstinente do mal em geral, que não é mais do que um Inferno duradouro e extenso, quem se atreveria a dizer que um excelente (e duvidoso) prémio imediatamente após nos redimiria de todo esse enorme sofrimento? Não pretendo aqui fazer a defesa de um nem de outro, mas apenas questionar esses dados adquiridos e alertar contra aquilo que seja, verdadeiramente, uma opção.

Sem comentários:

Enviar um comentário