PROGRAMA DESTE BLOG

Vou aqui colocar periodicamente achegas e ideias à volta do tema da auto-superação; o que significa efectivamente a invencibilidade; as vitórias sobre mim mesmo; as "batalhas" que ainda não venci; o caminho "saya no uchi".
O caminho da invencibilidade é um caminho de sabedoria, porque para nos vencermos a nós mesmos temos de nos conhecer a nós mesmos ("Conhece-te a ti mesmo" - oráculo de Delfos). Não há volta a dar. Há um coração secreto que tem de ser compreendido e dominado (ver post "Quem é melhor?"). É matéria para ser bem meditada: não há nada mais difícil na vida do que alguém conhecer o próprio coração. É mais difícil até do que conhecer o coração dos outros. Infinitamente mais difícil do que conhecer um assunto.
Todas as fontes são, à partida, legítimas, para chegarmos a compreender-nos. Podemos servir-nos de todas as experiências, sensações, ideias, artes, como espelhos de nós próprios, porque é assim que nos aproximamos desta verdade: como que de um espelho. Um livro a que recorro sempre, uma e outra vez, é a Bíblia. Talvez não seja a proclamada "palavra de Deus", mas é um livro referência da nossa cultura. Muita coisa se poderá opor às suas palavras, mas há, aqui e ali, uma sabedoria que convém não pôr de lado: "tu, ó justo Deus, sondas as mentes e os corações" (Salmos 7:9); "Mas, ó Senhor dos Exércitos, que julgas com rectidão, que provas a mente e o coração" (Jeremias 11:20); são afirmações frequentes.
Quase todo o misticismo que há e que houve, fala do "coração" como lugar privilegiado do sagrado. Certamente que esta palavra está longe de ser pólo dessa oposição que nos acostumámos a enunciar como credo: coração/ mente; coração/ razão, pois as duas se interligam e servem-se uma da outra em colaboração. O nosso entendimento (o nosso auto-conhecimento), nada mais é do que o conhecimento do nosso coração. Se o havemos de dominar é outra história; é outro capítulo. Mas, sem dúvida, que se não o conhecemos não o podemos governar.
O maior desafio que podemos enfrentar é confrontar-nos com nós mesmos; é ter diante de nós os nossos medos e receios, os nossos fantasmas, todas as coisas que nos fazem recuar, e, mesmo assim, enfrentá-los e vencê-los. Quanto mais nos esquadrinharmos a nós mesmos (ao nosso coração), mais e mais fantasmas se hão-de levantar. Vencermo-nos não é trabalho que se faça e que fique feito - faz-se todos os dias. Vencermo-nos não é definitivo; é dinâmico; é constante. Os nossos medos são tigres. Aqueles que já vencemos foram reduzidos a figurinhas de papel inofensivas, e agora vêmo-los como eles são: tigres de papel. É dessas vitórias do passado que retiramos coragem para esses tigres ferocíssimos que nos ameaçam hoje e adquirimos uma mente calma para os enfrentar. A história do Homem tem-se feito, muitas vezes, desses episódios de transcendência e superação. Mas que nos interessa a nós conquistar o mundo inteiro? O mundo inteiro somos nós! Se conquistássemos o mundo inteiro não conquistávamos a paz; se conquistarmos o mundo dentro de nós mesmos alcançamos paz e felicidade. É isso que nós queremos: o nosso "Sião", terra prometida depois de um deserto de dificuldades. Quem crer, que calce as botas e se ponha a caminho.