Porque é que os grandes ideais não são cumpridos? Porque os homens não estão à altura deles. Cristianismo, comunismo, nazismo, para citar os mais ambiciosos; e outros mais pequenos, mais restritos, nacionais, doutrinas religiosas, filosóficas, económicas, etc. Mas o que nos faz olhar com desconfiança para os ideais? O facto de falharem sempre. E o que quer isto dizer? Eles não subsistem por algum tempo? Claro que sim. O problema é que o ideal está assestado para um infinito que nunca é alcançado: os homens simplesmente não chegam lá. O mal dos ideais é que nunca somos homens que chegue para eles; nunca somos fortes o suficiente; nunca somos corajosos o suficiente; nunca somos sábios o suficiente; ainda mesmo quando somos muito fortes, corajosos ou sábios - o ideal é sempre maior que nós. É um abismo e diante dele somos demasiado pequenos. O que se há-de então fazer?
Os escandinavos conheciam esta tramóia muito bem. É o dia de Ragnarok, o crepúsculo dos deuses e a ascensão dos gigantes de Jotunhein para tomarem o Asgaard de vez. Não há como evitar o tema: os deuses morreriam às mãos dos gigantes nessa derradeira batalha. Podemos desistir deles que, talvez, eles deixem de nos atormentar... Talvez não possamos desistir. É preciso um deus para enfrentar um gigante. É preciso um deus para ser morto por um gigante. Este cataclismo pessoal é bem mais que trágico - é teleológico e messiânico. Cristo, ele próprio um deus, foi morto pelo seu ideal. Só um deus o olha nos olhos. Só um deus conhece a verdade. Só um deus pode enfrentar a sua própria tragédia de olhos enxutos.
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